domingo, 6 de dezembro de 2009

Saxon - Strong Arm of Law

Blues do Satanás

Se alguém andasse pela floresta da serra por aquelas horas da noite, iria dar de cara comigo e a malária reunidos em volta de uma fogueira. Os não-malária diriam que era um sabá de magia negra ao ver aquela gente de roupa preta e cabelo comprido conversando, rindo e bebendo.
Longe disso, estávamos é cheios de adrenalina pelo show que acabamos de ver. Alguns até roucos de tanto cantar e cansados de tanto bangear. Resolvemos parar no meio do caminho de casa, na floresta pra beber vinho, cerveja e matar o resto da noite. Já que uma boa alma resolveu trazer um isopor no carro, pra que desperdiçar?
Acendemos uma fogueira e sentamos em volta pra encher a cara.
Só um "malária" novo que resolveu se misturar ao bando que era meio esquisito e destoava um pouco do grupo. No show ele não se misturou na rodinha punk, não tomou uma gota de álcool ATÉ AGORA (arrumou sabe-se lá de onde uma fanta uva) e não sabia quem era o vocal do AC/DC. Mas deixamos ele participar da reunião (na verdade num canto) e tomar a fanta-uva dele.

Lá pras 6 da matina, mais ou menos um barulho esquisito pro meio da floresta se fez ouvir, que ninguém soube dizer o que era. Gente? Certeza que não. Um bicho? Talvez, mas tava estranho demais pra ser algum gambá.
Malária que é malária cospe no chão e vai lá ver, afinal, o que os deuses do rock diriam se mijássemos nas calças? Nada bom, com certeza. O nosso "malarinha", com medo de ficar sozinho, veio atrás.
O clima não era de muita paz...
E descobrimos o que era. ondas de calor e um cheirinho de enxofre deram a dica enquanto nos aproximávamos. Bem na clareira vizinha, algo tinha subido "lá de baixo". E vimos então no centro da clareira Um clarão vermelho já me fez ter uma certeza: ERA O SATANÁS!

Só podia ser ele. Aquele círculo de fogo com um pentagrama no chão, os chifres saindo da testa, a cor avermelhada e a roupa preta com o logo ilegível de uma banda de black metal desconhecida...
Teve caboclo (leia-se o "malarinha") que mijou nas calças e desmaiou na hora com um gemidinho gay.

Daí o recém-chegado falou pra gente:
-Tenho algumas boas propostas pra vocês e vim em paz - Fazendo os chifres do metal.
Cumprimentamos ele do mesmo modo e chamamos pra tomar uma cerveja... Alguém resolveu colocar mais gelo no isopor, afinal o clima começou a esquentar.
-Tá bom. Vamo ver o que você tem pra dizer.
-Senta aí seu satã - Um amigo estendeu uma latinha de Conti pra ele - Conta pra gente o que que que vc faz.
Ele abriu a latinha com a força do pensamento e tomou uma golada. e falou como anda o Joe Ramone, o Jimi Hendrix, o Bon Scott... E umas duas latinhas depois, ele já tava um bebado chato e pé no saco. E aí ele cagou.

Começou a dizer o porque de ter vindo...
-PERAEEE SEU SATÃ! QUE MERDA É ESSA? 10% DE DÍZIMO? - Me indignei - Tem que sobrar um troquinho pra ir no largo tomar tubão e coquinho!
-A gente já é da igreja Universal do Reino do Rock! Eles só cobram quando a cerveja acaba!
-E ainda tem costelada, frango assado e churrascão! - Disse o amigo da camiseta do Iron Maiden.
Queria pregar pra gente a religião dele, um troço babaca pra juntar dinheiro. Já não bastam os padres e pastores... O bicho tava tão chapado que nem percebeu a ira da malária crescendo.
-Eu acho que ele vai é tomar porrada! - Caí em cima dele na voadora. A malária toda se enfureceu e começou a encher o pobre diabo caído no chão de bicudas com os pesados coturnos de couro, pedradas, pauladas e garrafadas.

Malária é da paz, mas dá porrada em quem procura.

Esfolamos vivo o capeta com tanto cacete. Embrulhamos o diabo num cobertor de mendigo (cinza) que um dos malárias tinha no carro pra forrar o porta mala.
-Ae, vamos jogar esse presunto lá ns cavas do boqueirão!
Foi o que fizemos. O nosso amiguinho fresco, resolvemos deixar lá pela floresta mesmo... Esse só merece zoação! Lá na vala jogamos o embrulho numa bem funda, e ao cair lá no fundo, ele se desfez em fogo e nem o cobertou sobrou.
-Aqui ele não volta mais! - E fomos embora.

Sim, deixamos o "malarinha" pra trás, dormindo na floresta.

Passada uma semana, encontramos o colega medroso. Irreconhecível por detrás da franja e da maquiagem. Depois da desventura na floresta, ele passou a ficar deprimido por termos deixado ele pagando seu erro e virou... EMO. Acompanhado de uma turminha de semelhantes, ele tava sentado no meio fio com a maquiagem borrada de tanto chorar.
A malária olhou aquilo. Se entreolhou... E um coturno voou na cara do fresco e de cada um dos amiguinhos dele, borrando ainda mais a maquiagem e aumentando ainda mais as lágrimas.


Baseado nas letras de musica de uma ótima banda: Motorocker.

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