E nada melhor pra curar uma crise de hipergrafia e uma noite sóbria de sábado que botar o blog em dia com assuntos aleatórios e uma boa dose de musica obscura dos anos 80.
Deliciem-se, meus 2 ou 3 leitores, hoje estou inspirado.
Preparados pra um post hiper-mega-longo?
Um que eu tava devendo a algum tempo (pra mim mesmo, que fique bem claro), sobre aquela trilogia chinesa obscura (como a musica que eu to ouvindo: Gaskin - The End of the World) do disco de Jade? Ahn?
Não vo prometer 1 (um) biscoito, como a Jû prometeu. Vo dar um pacote de trakinas de uma vez. Afinal se ela acha que aquilo é um post long (pelo menos pra minha leitura dinâmica não foi), tem que ver o que vai sair daqui. Agora.
Vou omitir várias coisinhas que eu achar irrelevantes ou que eu sinceramente não gostei muito ou não entendi, por não ver muita relação com a história principal. Mas quem for (se aventurar a) ler, fique tranquilo que a essência vai estar toda aqui. ^^
O primeiro livro se chama "Os Cavalos Celestiais"
A história se passa na antiga China Imperial, no século III A.C.
Tudo se inicia com o influente mercador Lubuwei que percorrendo o mercado da capital de seu reino, junto com Zhaosheng, seu fiel empregado, acaba por se encantar com um Pi negro ritual que ele encontra sendo vendido por um fuinha velho. Oferece 30 taéis de ouro (o que deve significar algum valor que não vamos ganhar nunca na vida, a não ser que sejamos vencedores da mega-sema. Únicos.), depois de uma negociação doida ele consegue levar pra casa o negócio e o fuinha fica de ir buscar a grana.
Mas a ganancia é tanta que ele viola outra vez o tumulo da rainha de onde tirou o Pi e é morto pelos soldados do Imperador.
Lubuwei paga pau pro Pi e o trata com todo o esmero de um filho. Descobre que uma feiticeira num monte distante pode ajudá-lo a revelar o segredo do objeto. Viaja até o pico de Huashan e encontra a feiticeira Várzea Insondável (sim, esse é o nome dela) que emite uma estranha profecia sobre pintos e estrelas... Bizarro.
Voltando pra casa, Lubuwei é surpreendido por bandidos e quase perde a vida, mas um huno o salva e conduz ele até seu lar, são e salvo. O mercador, agradecido, toma-o como amigo e deixa ele viver em sua casa, como empregado fiel também. Chama-se Homem sem Medo.
Longe dali, num reino rival, somos apresentados à corte real do reino de Qin, onde o velhissimo rei Zhong busca descobrir a fonte da vida eterna, confiando a Realização Natural, o sapientíssimo mestre da biblioteca imperial a missão de buscar e pesquisar a localização das ilhas imortais.
Somos apresentados a Huayang, a esposa do príncipe Anguo, que o odeia e trai com seu PRÓPRIO PAI (ou seja, o rei Zhong) e com Suave Elevação de Três Graus (nome do ministro das advertências.), usando de sua beleza e sensualidade para fazer o que quer. Anguo é um banana que só quer saber de sexo e regalias, não se interessa em saber o que acontece no reino. O pior é que isso é o futuro imperador, já que seu irmão, Anwei está prisioneiro no reino do sul.
O reino de Qin, assim como todos os reinos vizinhos está num período breve e frágil de trégua na guerra que marcou essa época na China. Ficou enfraquecido, já que sua poderosa cavalaria foi quase inteiramente dizimada pelas constantes batalhas. O rei Zhong, preocupado com uma invasão, resolve chamar um conhecido mercador de cavalos no reino de Zhao. Adivinhem o nome dele? Lubuwei? Mah oe! Acabou de ganhar... a continuação da história.
Lubuwei aceita de imediato, pois aí ele vê uma oportunidade de ouro. Quem sabe ele consegue chegar ao posto mais alto de um governo?
Leva consigo os melhores cavalos que dispõe e deixa Zhaosheng cuidando de sua empresa. Parte para o reino de Qin a fim de se estabelecer por lá.
Chegando lá, se estabelece numa colina e constrói um estábulo gigante "com o formato de um navio emborcado" e começa a contribuir para a ascenção do Qin, vendendo-os ao reino.
Num festival de cavalos ele acaba por comprar um casal de cavalos Akkal, conhecidos por serem cavalos resistentes, velozes e muito poderosos em batalhas. São tão cobiçados e bons que são apelidados de "Cavalos Celestiais". Então aí se inicia uma criação de poderosos cavalos de guerra para o reino de Qin.
Lubuwei um dia vai prum circo intinerante e assiste ao espetáculo de Zhaoji, uma artista que o encanta com seu jeito de menina e sua maturidade. Lubuwei se apaixona por ela, mas infelizmente o circo vai embora no dia seguinte, quando o dono do mesmo viu o interesse do homem. Com medo de perder sua atração principal, mete sebo nas canelas.
Mas dali a alguns meses, Lubuwei descobre que Zhaoji foi vendida para um prostíbulo no reino, depois do circo ser assaltado por bandidos numa de suas intinerancias. Lubuwei vai lá no rei Zhong e pede pra comprar Zhaoji (já que os puteiros eram nacionalizados... Tipo o Evo Morales).
O rei aceita, mas só se ele der o casal de cavalinhos celestiais e toda sua prole para o reino.
Homem bobo de paixão, aceita.
Salvando Zhaoji e a traz para o seio de seu lar. No inicio Zhaoji é bem arredia, mas aos poucos (e mais tarde) se apaixona pelo mercador de Handan e constitui um elo importante nessa saga.
Huayang vê a menina e se interessa por ela. Cria um laço genuino de amizade e as duas formam uma equipe imbatível em busca de seus ideais, tanto que a inicia no taoísmo, com o sacerdote Wudong...
A trégua entre os reinos foi estabelecida com condições fortes. Um refém da família real de cada reino fica em custódia do inimigo. Deve-se cuidar bem do refém, senão a guerra volta. Um ótimo instrumento de paz... Pelo terror. No caso do reino de Qin, a princesa Xia do reino de Zhao estava nessa condição. E ela foi prontamente levada para o alto concumbinato (o que era aceitável pela trégua) da corte. Quando Anguo queria (o que era raro, pois era apaixonado por Huayang) ou Huayang não queria, uma das concumbinas era sorteada para satisfazer o principe. Numa noite, a princesa Xia foi sorteada. Ela era virgem. Anguo e ela transaram e até rolou um sentimento da parte da princesa. De Anguo não veio interesse nenhum, mesmo tendo dito coisas legais pra ouvidos femininos.
Xia ficou grávida, o que despertou a ira de Huayang (estéril) que tentava tudo quanto era tipo de macumba pra ficar fértil. Sem sucesso, claro...
As duas trocavam farpas (uma mandando cactos pra outra, cartinhas de desafeto... Nada de brigas frontais.) Anguo no meio disso tudo, era passivo. Um bosta, mas bem esperto de não se meter no meio de conflitos entre duas tigresas.
A criança nasceu e Xia colocou o nome de Yiren em seu filho com Anguo. Este por sua vez não tinha interesse nenhum em nada. Um bosta [2]
Xia se tornou a legítima sucessora a rainha, afinal deu um sucessor ao reino. Nem preciso dizer que Huayang pulou dessa altura, pois ela era a legítima esposa de Anguo.
O rei Zhong era cheio de segredos. Criava uma filha secretamente. Ela ficava disfarçada de garoto estudante e de vez em quando eles se encontravam para compartilharem suas alegrias. Impávida Estrela do Leste era seu nome e era uma garota inteligente, alegre e cheia de vida que recebia educação numa academia como se fosse garoto. Era proibido a qualquer mulher receber educação, sendo passível de pena de morte. E mesmo o rei Zhong poderia ser morto se descobrissem que ele quebrou uma das leis do reino que foram estabelecidas pelos antepassados. Viviam por um fio, mas aproveitavam cada instante para se curtirem.
Detalhe: ela é filha de... VÁRZEA INSONDÁVEL e do próprio rei Zhong. Coisas antigas.
Impávida Estrela do Leste estuda com Lisi, que é seu melhor amigo, sob a tutela de Realização Natural, seu mestre. Os dois são unha e carne, mas Lisi não sabe que Impávida Estrela do Leste não tem pipi.
Até um dia em que eles têm que enfrentar un cachorros muito loucos e o disfarce da garota se rasga, mostrando seus longos cabelos e seios em fase de crescimento... Coisa de novela das 8 que começa as 9. Acabam por se apaixonar, como é de praxe e têm um romance platônico.
Lubuwei, num de seus passeios pelas campinas de sua criação de cavalos, observando os dois cavalinhos celestiais galoparem acompanhado de Homem sem Medo e Zhaoji encontra um filósofo esfarrapado, mas detentor de grande sabedoria: Hanfeizi.
Lubuwei se afeiçoa às idéias do sábio e oferece um cargo de burocrata a ele. Hanfeizi aceita o cargo e é eternamente grato ao mercador... Uma grande amizade se instaura entre os dois, afinal Lubuwei pretende utilizar os conhecimentos do sábio em sua ascenção no Qin. Os ensinamentos de Hanfeizi se baseiam no poder centralizado do Estado, legalidade e burocracia.
O rei tinha um camareiro eunuco: Sempre em Frente. Ele era adepto de uma confraria especial em que apenas os eunucos participavam a fim de decidir o futuro do reino, já que eles ocupavam cargos de destaque no governo. Médicos reais, ministros, secretários de boatos... E o mais importante: o camareiro. Afinal ele ficava sempre junto do rei e cuidava pessoalmente dele.
Sempre em Frente tinha inveja de Lubuwei e do crescente prestígio que ele ganhava com o rei. Por isso resolveu queimar o mercador de Handan perante o soberano. Como?
Um dia apareceram dois cavalos mortos no estábulo de Lubuwei. Não foram quaisquer cavalos ordinários, mas sim os dois Cavalos Celestiais, que pertenciam ao Qin. Uma coisa que era imperdoável é roubar e destruir patrimonio do governo. Ora, o primeiro suspeito era o cavalariço (amigo de longa data de Lubuwei) que foi levado logo para a prisão. Não quiseram nem saber: meteram o chicote no coitado até seu julgamento. Lubuwei que conhecia o cavalariço desde pequeno, apela a Hanfeizi e seus conhecimentos legais para defender o rapaz. No final, o solta e consegue incriminar Sempre em Frente, que desaparece misteriosamente e o livro não fala mais dele. Adorei. XD
Como já foi dito sobre o rei Zhong, sua ambição era se tornar imortal e recorria a todos os meios para alcançar sua meta. Ele era consumidor de pílulas de cinábrio e arsenio, contrabandeadas do sacerdote taoísta Wudong. Era outro segredo do rei, afinal o taoísmo era PROIBIDO no reino, mas não existia uma perseguição aos monges. Vista grossa total. Essas pílulas, claro, não faziam nada mais do que ser um placebo para o velho monarca, mas ingeridas em quantidades excessivas causavam a morte.
Huayang sabia disso, pois era adepta do taoísmo junto a Wudong, que iniciou Zhaoji também. Zhaoji foi incubida de ser camareira do rei após o episódio com Sempre em Frente e resolveu cumprir a vontade da amiga: Matar Zhong.
Numa noite, ao invés de dissolver uma pílula de cinábrio, ela dissolve duas. Zhong toma-as antes de dormir e Zhaoji mostra um certo arrependimento por ter feito aquilo. Apagam-se as luzes.
De manhã Zhong está morto.
Anguo é prontamente avisado disso ("Hein? Ahn?") e Huayang se alegra toda, afinal ela vai ser finalmente rainha, pois ela era casada legitimamente com Anguo. Prepara tudo para o funeral e para a imediata coroação de seu marido. No momento seguinte a Anguo ser nomeado imperador do Qin, Xia aparece com Yiren e caminha lentamente até o trono em direção a Anguo. Ele pega-o no colo e faz um agradinho. As duas mulheres se olham e pelo que deu pra sentir, eu não gostaria de ser incinerado por lasers, portanto não ficaria entre as duas naquele momento.
Anguo já imperador do Qin recebe de volta para o Qin são e salvo seu irmão Anwei, casado com uma mulher do reino do sul que foi invadido por outro reino que nada tinha a ver com a trégua.
Anwei desperta os desejos de Huayang que lamenta não ter tido aquele homem como marido, pois Anwei é um macho de verdade. Tenta seduzí-lo, mas sem sucesso, pois ele é mais esperto do que ela. Huayang desiste e vai se contentar com o que tem.
O irmão de Anguo é um general nato e prontamente recebe um lar dentro do palácio real, com sua família e um cargo neutro lá dentro, mas uma necessidade de se tomar uma fronteira do reino de Chu se faz iminente. Anwei é convocado, mas agora só quer curtir a família. Com a insistencia ele resolve ir e fazer de uma vez, depois volta pra paz.
Aí meus queridos, vem a parte que mais me excitou no livro. A guerra pela ponte-crocodilo.
Era uma ponte sobre um rio de fronteira que era uma mistura de base com prisão e quartel general. Impenetrável e de longe parecia um crocodilo sobre o rio. Quem tivesse controle sobre tal lugar poderia invadir facilmente o outro reino. Cagando nas calças, Anguo manda seus militares darem um jeito (pois ele quer mais é vida mansa). Por isso Anwei é convocado.
Mas tinha um problema grave: invadir por terra era muito difícil, pois a ponte-crocodilo era impenetrável e facilmente defendida com um ataque frontal, pois era pequena a área de combate. Até que uma idéia é aceita: construir um barco (um senhor barco) para invadir... Pelo RIO! Ele teria dois mastros que serviriam de escada. Silenciosamente ele atracaria num dos pilares e colocaria as tropas dentro da base. Perfeito!
E os preparativos para o barco de guerra se iniciam: iriam num ponto mais alto do rio, construiriam o bicho e navegariam até seu objetivo. Pode parecer uma estratégia estranha, mas perfeitamente aplicável em termos bélicos.
Mas havia um general ciumento no meio deles... O da infantaria, que me foge o nome, resolve frustrar a tentativa de Anwei e vai lá no reino de Chu contar o que que ia acontecer. Depois de dar a informação, o FDP é morto. E o soberano do Chu reforça as tropas na ponte.
Após uns dois meses de esforço hercúleo, Anwei e suas tropas fazem o bendito barco. O general é esperto e confia na previsão do adivinho real dizendo que as tropas do Chu estão em ordem de batalha. Anwei pensa, pensa e adota a estratégia: ATACAR!
Na ponte-crocodilo, os soldados vêem o navio vir com tudo e cumprir seu objetivo de atracar num dos pilares. Aguardam o momento de atacar, mas... hein? O NAVIO TÁ VAZIO!
As tropas do Qin se amontoaram numa das extremidades da ponte e vieram com tudo! Como o Chu estava todo no meio da ponte, conseguiram invadir facilmente e pegar todo mundo de calças curtas. Fogo, flechas, explosões... O Qin não poupou artilharia para conquistar a bendita ponte.
Ao final, o Qin se tornou dono da importante base e invadiria o Chu quando bem entendesse.
A Princesa Xia tinha uma dama de compahia fiel chamada Raposa Astuta, que sempre a servia com alegria e prontidão. Considerada a melhor amiga da princesa refém. Mas com o tempo, Xia foi ficando nojentona e tratava ela sempre mal, ao ponto de sua melhor amiga naquele reino estranho alimentar um silencioso ódio e um desejo de se livrar da princesinha mimada.
Um dia quando a princesa dirigiu-se para o penhasco a beira mar onde costumava refletir, Raposa Astuta a seguiu com uma idéia fixa em sua mente. Nem preciso dizer o que é.
Enquanto Xia olhava o horizonte, Raposa Astuta chegou por trás dela e a EMPURROU penhasco abaixo e enquanto ela caía, a princesa emitiu um olhar como se suplicasse o perdão, mas nada falou ou gritou. Apenas caiu.
Funeral da princesa. Como de costume tinham que enterrar a pessoa mais achegada da princesa junto com o corpo. Raposa Astuta foi a escolhida, afinal, Xia não era casada com Anguo e o seu filho seria o sucessor ao trono. Pegaram ela e jogaram dentro da tumba, mesmo contra sua vontade. Simplesmente cataram a vadia e jogaram lá dentro, fechando rápido antes que ela escapasse. Hehehehahaaha!
Quando li isso, falei em voz alta um "bem feito". Ela mereceu.
Anguo nem sentiu falta dela.
Huayang se exaltou.
Lisi e Impávida Estrela do Leste se casaram e tiveram uma filha: Orvalho Primaveril. Era o orgulho dos dois, mas o casal brigava muito.
Lisi se tornou um funcionário da administração do reino e se tornou um homem prático e frio. Impávida Estrela do Leste perdia o amor pelo marido a cada dia que passava, e sentindo que algo acontecia, Várzea Insondável foi visitar a filha e a neta. Numa visita surpresa em que Impávia Estrela do Leste foi avisada em sonhos que iria acontecer, foi a primeira vez que as três mulheres tiveram contato em suas vidas. E a última também em que três gerações se reuniam.
Várzea Insondável advertiu que estranhos sopros partiam de seu marido e que tomasse cuidado com ele, pois temia pela vida das duas. Lisi apareceu e conheceu a sogra, mas nenhum dos dois foi com a cara do outro, pois Lisi era um legalista que desprezava magos e sacerdotes.
Alguns meses depois, Impávida Estrela do Leste apareceu morta num monte de lixo e o autor de tal crime nunca foi encontrado. Até um dia, mais pra frente.
Saltos nesse livro são constantes, então vamos passar pra uns 15 anos pra frente, onde Anguo é um imperador passivo que em nada, ou em pouca coisa mexeu no que o pai deixou. Sua rotina era passar em revista pelo exército e levar o filho pra caçar. Yiren era a cara e o jeito do pai, não se importava com nada referente a administração do reino. Eta via boa.
Anguo estava doente a olhos vistos e enfraquecia a cada dia, as causas disso não são esclarecidas no livro, mas um dia ele morre. Do nada.
Huayang, viúva, se jubila por estar livre daquele marido tosco e corre atrás do amante de 15 anos atrás.
Agora começa o outro livro: "O Peixe de Ouro"
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